domingo, 11 de março de 2012

BREEAM - A terra da Rainha manda seu recado...

Prosseguindo com nossa análise das principais ferramentas de análise e certificação sustentáveis, falamos hoje do BREEAM (Building Research Estabilishment Environmental Assessment Method, ou Método de Avaliação Ambiental da Fundação de Pesquisas de Edificações), entidade já quase centenária que se dedica ao estudo e classificação de novos produtos e sistemas construtivos na Comunidade Britânica. O BREEAM pode ser considerado o precursor de todos, pois existe desde 1990 e conta com mais de 1 milhão de empreendimentos cadastrados.A consultoria é independente e se especializou em pesquisar e testar processos e produtos que busquem o desenvolvimento de edificações mais eficientes com redução do impacto ambiental, malhoria nas funcionalidades e maior satisfação dos usuários.

 Como Funciona: O BREEAM cobre nove categorias: 
- Saúde e bem estar;
- Energia;
- Transporte;
- Água;
- Gerenciamento;
- Materiais;
- Resíduos;
-Uso da terra e ecologia;
- Poluição.

Para cada categoria há 14 subítens e, de acordo com as configurações de cada um destes, é dado uma "nota". A pontuação mínima é 30, e os conceitos variam de acordo com o resultado alcançado, entre "Pass", "Good", "Very Good", "Excellent" e "Outstanding".

A certificação leva em conta, em todos os seus ítens, o impacto do empreendimento ao longo da vida útil e tem alguns diferenciais muito interessantes, como a valorização e o estímulo ao reuso ou a descontaminação do terreno.

Uma das características mais destacadas é o equilíbrio entre os ítens. No BREEAM, é necessário pontuar proporcionalmente bem em todos os quesitos, diferentemente do LEED, onde se pode aumentar os pontos em um ítem e simplesmente descartar outros...Outra característica do BREEAM é procurar adaptar-se às realidades ecológicas e de desenvolvimento de cada região em que atua.

A adesão à certificação é voluntária, mas no Reino Unido há alguns incentivos. Vale lembrar que o governo inglês utilizou-o como base para a elaboração do seu famoso "Code for Sustainable Homes" (código de casas sustentáveis). Alíás, sugiro este Code como leitura obrigatória para quem queira se aprofundar no tema.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Processo AQUA

Processo AQUA - A Vanzolini mostra a sua Qualidade


Conforme falei no último post, estarei descrevendo um pouco mais dos  três processos
de certificação mais em uso em nossas terras: o AQUA, o LEED e o BREE.  
Começarei pelo AQUA, Processo de Alta Qualidade Ambiental, formatado pela Fundação
Vanzolini em parceria com a QUALITEL, Associação francesa que promove a qualidade
técnica em sistemas habitacionais.

"A Alta Qualidade Ambiental (AQUA) é definida como sendo um processo de gestão de
projeto visando obter a qualidade ambiental de um empreendimento novo ou 
envolvendo uma reabilitação. Este processo estrutura-se em torno dos seguintes aspectos:

                implementação, pelos empreendedores, de um sistema de gestão ambiental;

                adaptação do edificio habitacional à sua envolvente e ambiente imediato, o que 
se traduz pela obrigação de responder aos principais contextos e prioridades ambientais de 
 proximidade, identificados na análise do local do empreendimento;
                informação transmitida pelo empreendedor aos compradores e usuários das 
habitações, estimulando a adoção de práticas mais eficientes em termos de respeito ao 
meio ambiente."

(Cfme Referencial Técnico Edifícios habitacionais -Processo AQUA" 
© FCAV Fevereiro 2010 -Versão 1)

O processo consiste na identificação, pelo empreendedor, dos  impactos gerados pelo 
seu empreendimento, quer seja pelos recursos consumidos, quer seja pela emissão 
de resíduos em todas as fases, desde o projeto até a "desconstrução". Diante dos 
dados colhidos, resolve gerir os recursos e sistemas envolvidos visando reduzir os 
impactos que este empreendimento irá gerar, tanto para seus usuários quanto para 
o entorno.


COMO FUNCIONA

O Referencial Técnico baseia-se em dois instrumentos criados para permitir que o 
empreendedor possa avaliar a implementação do processo e se os desempenhos
previstos foram alcançados:
      SGE - Sistema de Gestão do Empreendimento, que avalia o sistema de gestão 
ambiental proposto. Neste instrumento é definido qual o nível de Qualidade Ambiental 
que se pretende alcançar e o que será feito para alcançá-lo, além de fornecer 
instrumentos para controlar os processos, desde a fase de programa até a realização;

    QAE - Qualidade Ambiental do Edifício, que avalia os diversos recursos técnicos
e arquitetônicos adotados no empreendimento. É estruturada em 14 categorias 
(ou "conjuntos de preocupações", como é definido no Referencial), reunidos em
4 famílias: Sítio e Construção; Gestão; Conforto e Saúde. O desmpenho é "medido" 
em 3 níveis: BOM, SUPERIOR e EXCELENTE, sendo adotado um mínimo de
3 categorias como EXCELENTES e no máximo 7 categorias como BOM.


O DIFERENCIAL

O diferencial, a meu ver, é a auditoria presencial existente em 3 etapas e a possibilidade
de veiculação, via propaganda do empreendimento, a partrir da aceitação do empreendimento
pela certificadora, ainda na concepção.


CUSTOS

Como média, podemos estimar um custo inicial de R$ 2,50 por m² para empreendimentos
até 10.000 m², variando em muito em relação a consultorias especializadas contratadas
para gerir o processo.


Para saber mais, consultar www.processoaqua.com.br

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Certificações e Selos

LEED, AQUA, BREEAM, SUSHI, CETAC, CBCS, SBALLIANCE ...

Cada vez mais entender ou procurar conhecer um pouco mais de métodos e propostas sustentáveis está se transformando em uma enorme e congestionada sopa de letrinhas. Vamos tentar desembaralhar um pouco.

Em relação aos selos e certificações, além do PROCEL EDIFICA e do SELO CAIXA AZUL, já anteriormente tratados aqui, vou tratar dos 3 de maior penetração no mercado nacional: O AQUA (da Fundação Vanzolini, em parceria com a HQE francesa), o LEED (da GBC Brasil, braço tupiniquim da USGBC americana) e o BREEAM (selo Britânico da BRE, o mais antigo de todos, criado no início dos anos 1990).

Mas antes, vamos dar uma pincelada nas outras siglas:


SUSHI - Sustainable Social Housing Initiative é um projeto desenvolvido pela United Nations Environment Programme (UNEP/PNUMA) com apoio da Uniao Européia para o estudo de práticas de construção sustentável no mundo, e foca em habitações de interesse social (HIS) em dois países em desenvolvimento: Tailândia e Brasil.
A estratégia do Projeto SUSHI consiste em estabelecer uma nova abordagem junto aos stakeholders e mostrar oportunidades dos novos modelos de Habitação de Interesse Social - HIS para o setor da construção (oportunidades de negócios, empregos verdes,..), governo (menos gastos com saúde, mais produtividade dos trabalhadores, melhor capacidade de apreender das crianças...), sociedade (geração de riqueza, menos poluição, ...) agentes financeiros (novas oportunidades de financiar, melhores garantias, evitar obsolescência prematura da habitação ...) e, principalmente, para as famílias que nestas habitações irão morar com mais qualidade de vida.
O objetivo do Projeto SUSHI é conceituar habitação de interesse social e sua interação com o meio urbano, estabelecer metodologia e diretrizes capazes de direcionar projetos arquitetônicos e especificação técnica da habitação no sentido de obter um lar eficiente no uso de energia e no consumo d’água, durável, confortável, saudável, fácil de manter, econômico nos gastos com a habitação e adequado a cultura local. (fonte:http://www.cbcs.org.br/sushi/index.html)

 CETAC - Centro Tecnológico do Ambiente Construído tem como principais focos de atuação o mercado de construção de edifícios de todas as naturezas (habitacional, comercial e industrial), incluindo o seu entorno, e o de produtores de materiais, elementos, componentes e sistemas construtivos. Suas atividades visam à melhoria e ao desenvolvimento de produtos e serviços prestados nesses setores. (fonte: http://www.ipt.br/centros_tecnologicos/CETAC)
 
CBCS - Com o objetivo de induzir o setor da construção a utilizar práticas mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de vida dos usuários, dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações, foi constituído, em agosto de 2007, o CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, resultado da articulação entre lideranças empresariais, pesquisadores, consultores, profissionais atuantes e formadores de opinião.
O CBCS está contribuindo com a formação de redes de parceiros estratégicos para: gerar e disseminar conhecimentos e boas práticas; promover a inovação; integrar o setor da construção aos demais setores da sociedade; elaborar diretrizes; discutir políticas públicas e setoriais; coordenar soluções e ações integradas intersetoriais com vistas a otimizar o uso de recursos naturais, sociais e econômicos, reduzir os efeitos negativos e potencializar os efeitos benéficos para a construção de um ambiente mais saudável e uma sociedade mais equilibrada e feliz. (Fonte: http://www.cbcs.org.br/sobreocbcs/index.php?)
SB Alliance - Aliança das principais entidades e órgãos certificadores de sustentabilidade. Vale a pena dar uma olhada na aba "tools and research". (Fonte:http://www.sballiance.org/)

Para detalhar cada um deles e não estendermos demais este post, continuarei no próximo, dando um olhar mais a fundo no selo nacional (ou nacionalizado?) - Processo AQUA




sábado, 8 de outubro de 2011

Inovação

Esta semana que passou, demos um até logo para um dos mais antenados seres humanos de nossa época: Steve Jobs.

Seu legado é imenso, quase todas as inovações e modernidades que almejamos ou foi cria dele, ou direta ou indiretamente consequencia do que ele criou. Do uso do mouse, da cor na computação (quem penou nos monitores CGA monofosfóricos verde ou âmbar, sabe o quanto almejou ter um apple...) a mixar todos os gadgets num único smartphone, da computação em 3D em filmes e efeitos prá lá de especiais, cada um deles tem um "bocadinho" dele...

Ele aplicou como ninguém o preconizado pelos gurus W. Chan Kin e Renée Mauborgne, no consagrado livro "A Estratégia do Oceano Azul": Inovação. Inovação de valor, tornar a concorrência irrelevante, criar espaços inexplorados de mercado e "surfar" neles (aos outros, que corram atrás...), criar uma nova demanda.

Ele inspirou e, mais importante, soube como ninguém coordenar os esforços não uma, mas diversas vezes, na busca contínua de inovação e novos pontos de vistas, destruindo, para depois criar, novas fronteiras no mercado tecnológico de alta complexidade.
O que podemos, ou melhor, devemos, tirar de lição da sua trajetória, em termos de sustentabilidade e preservação do que ainda nos resta?

Inovar, pensar diferente, ver o novo, ou, como dizem Tavito e Paulo Sergio Valle, na música "Começo, meio e fim":

"A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa aprender a começar de novo
É como tocar o mesmo violão
E nele compor uma nova canção

Para que isso tudo seja verdade, é preciso treinar, estudar, ler, interpretar e exercitar o novo.

Eduardo Bueno, jornalista gaúcho, criou uma excelente série de comerciais para o The History Channel, terminando sempre com a seguinte frase, que parece-me ser de Ernesto Che Guevara: " Um povo que não conhece sua história, está fadado a repetí-la". Sem paixão e devoção, tendemos a reescrever a história, sem mudá-la. Ou pior, como dizia Carl Marx, " A história só se repete como farsa ou tragédia"...

P.S.: A foto que ilustra este post foi retirado do google, na referência "homenagem a Steve Jobs". Sorry ao autor, mas não sei dizer quem é...


sábado, 10 de setembro de 2011

Selo Caixa Azul

A Caixa Econômica Federal lançou, em 2009, o Selo Caixa Azul, novo instrumento de classificação da sustentabilidade de projetos habitacionais.
 
Para a concessão do selo, a CAIXA analisará critérios agrupados em seis categorias: inserção urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, uso racional da água e práticas sociais.
 
O ‘Selo Casa Azul’ será dividido nas classes ouro, prata e bronze, definidas pelo número de critérios atendidos. Para receber o ouro, o empreendimento deverá atender a, no mínimo, 24 das 46 condições. Receberão prata aqueles que atenderem a 19 critérios, e bronze os que apresentarem o cumprimento de, pelo menos, 14 critérios obrigatórios.

O Selo Casa Azul CAIXA é um instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, que busca reconhecer os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.

O Selo se aplica a todos os tipos de projetos de empreendimentos habitacionais propostos à CAIXA para financiamento ou nos programas de repasse. Podem se candidatar ao Selo as empresas construtoras, o Poder Público, empresas públicas de habitação, cooperativas, associações e entidades representantes de movimentos sociais.

O método utilizado pela CAIXA para a concessão do Selo consiste em verificar, durante a análise de viabilidade técnica do empreendimento, o atendimento
aos critérios estabelecidos pelo instrumento, que estimula a adoção de práticas voltadas à sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais.

A adesão ao Selo é voluntária e o proponente deve manifestar o interesse em obtê-lo. Com o Selo Casa Azul, a CAIXA pretende estabelecer uma relação de parceria com os proponentes de projeto, fornecendo orientações para incentivar a produção de habitações mais sustentáveis. 

O Guia de Boas Práticas pode ser baixado do site http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/Guia_Selo_Casa_Azul_CAIXA.pdf

sábado, 3 de setembro de 2011

Uso da energia solar

A cada dia que passa, cada vez mais desenvolve-se técnicas de aproveitamento da energia solar, essa fonte inesgotável de energia pura.

Desde os precursores aquecedores de água ( que praticamente tornou-se ítem básico em qualquer construção, dos mais modernos e requintados projetos aos mais humildes e populares conjuntos habitacionais. Aliás, tanto o governo federal quanto a maioria dos agentes financeiros dispõem de linhas de crédito e programas especiais para quem deseja aderir a esta tecnologia) aos modernos geradores de energia solar capaz de abastecer cidades de pequeno e médio porte, já em funcionamento ou em implantação em vários países, estando mais avançados nos Estados Unidos, Espanha, Austrália, Israel e Brasil ( a primeira usina comercial entrou em produção contínua este mês, em Tauá,no Ceará, pertencente do grupo EBX,, de Eike Batista. A MPX, empresa criada para gerir o projeto, será capaz de produzir, inicialmente, 1MW. veja mais informações em http://g1.globo.com/ceara/noticia/2011/08/ceara-ganha-primeira-usina-comercial-de-energia-solar-do-brasil.html).

Os avanços tecnológicos nos últimos anos,  nesse campo, foram imensos, gerando tecnologia melhor e principalmente, barateando e tornando o uso destas mais próximos da realidade.

Há vários tipos de geração de energia através dos recursos solares. Podemos gerar eletricidade através do aquecimento, gerando vapor para acionamento de turbinas (uma das maiores usinas do mundo fica no deserto de Mojave, nos EUA, utiliza este princípio) ou utilizar placas fotovoltaicas (como no caso da usina brasileira MPX) ou ainda, concentrando os raios solares em um único ponto gerador, que através de reações químicas podem gerar energia a custos economicamente viável.


Os estudos deste tipo de geração de energia foram iniciados pela equipe do instituto Paul Scherrer, na Suíça e implantado experimentalmente em Israel. De maneira simplória, a concentração dos raios solares produzem a redução do óxido de zinco, gerando zinco puro, uma forma de armazenamento química da energia.

Em pouco tempo, as plantas energéticas limpas passarão a dominar e revolucionar a matriz energética tradicional.

Fontes: Inovação Tecnológica - http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010115050627; WebMais - http://webmais.com/nova-geracao-de-usinas-solares-movidas-a-calor-e-nao-a-luz/

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Madeira certificada - Selo FSC - Ecologicamente Correto, Socialmente Justo e Economicamente Viável.

Conforme comentado no uĺtimo post, estarei falando um pouco de madeiras certificadas e mais especificamente, do selo FSC, por ser o mais ac eito e de maior destaque no cenário mundial. Várias entidades e organizações não-governamentais desenvolveram selos e certificados "verdes", como uma forma de identificar e incentivar o consumo de produtos engajados em sistemas de exploração e manejo sustentado. Dois exemplos são o Rainforest Alliance e o FSC, sendo o primeiro mais genérico, identificando desde materiais e madeiras para construção até gêneros alimentícios e bebidas.

O segundo, identificado pelo selo do Forest Stewardship Council (FSC) é uma norma de qualidade que atesta que a exploração feita em uma determinada unidade de manejo florestal, por uma empresa, um pequeno produtor ou um grupo de produtores (organizados comunitariamente ou não), é realizada segundo critérios ambientais, sociais e econômicos que se aproximam das condições de sustentabilidade.

O processo de certificação de operações florestais pelo sistema do FSC no Brasil começou nos anos 90, concentrando-se nas regiões Sul e Sudeste do País. No caso das florestas naturais na Amazônia, a primeira certificação empresarial ocorreu em 1997, na unidade de manejo florestal (UMF) da empresa Precious Wood Amazônia, ganhando mais força na década seguinte.

A idéia de identificar com um rótulo os produtos oriundos de florestas tropicais nasceu da reflexão realizada pelas grandes ONGs ambientalistas transnacionais (Greenpeace, WWF, Amigos da Terra) sobre a eficácia das campanhas de boicote à compra desses produtos por consumidores do hemisfério Norte, realizadas nos anos 80 (Smouts, 2001). A avaliação de que o boicote levara apenas ao deslocamento do consumo para outros produtos florestais, oriundos de florestas temperadas e não isentos de problemas ambientais, estimulou essas entidades à construção de um mecanismo de incentivo ao bom manejo florestal, de um certificado (selo) que sinalizasse aos compradores de madeiras tropicais a realização de uma boa gestão florestal nas regiões produtoras.(conforme Marcelo S. Carneiro,Professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). em "A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO MERCADO DE MADEIRAS CERTIFICADAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: a atuação das ONGs ambientalistas e das empresas pioneiras," em http://www.scielo.br/pdf/se/v22n3/08.pdf )

Como funciona

A certificação é um processo voluntário em que é realizada uma avaliação de um empreendimento florestal, por uma organização independente, a certificadora, e verificado os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC.

O processo pode ser resumido em macro etapas
  • Contato inicial - a operação florestal entra em contato com a certificadora
  • Avaliação - Consiste em uma análise geral do manejo, da documentação e da avalicação de campo. O seu objetivo é preparar a operação para receber a certificação. Nessa fase são realizadas as consultas públicas, quando os grupos de interesse podem se manifestar.
  • Adequação - Após a avaliação, a operação florestal deve adequar as não confirmidades (se houver).
  • Certificação da operação - a operação florestal recebe a certificação. Nessa etapa, a certificadora elabora e disponibiliza um resumo público.
  • Monitoramento anual - Após a certificação é realizado pelo menos um monitoramento da operação ao ano.
O processo da certificação é conduzida pela certificadora. O Conselho Brasileiro de  Manejo   Florestal  não  emite  certificado.    Cabe  às  certificadoras   avaliar 
operações de manejo florestal ou de cadeias de custódia para conceder o uso do selo FSC nos produtos, e auditar operações certificadas, seja de manejo florestal ou de cadeia de custódia. 
Também cabe à certificadora precificar e cobrar por este serviço. 

Os 10 Princípios e Critérios

Princípio 1: Obediência às Leis e aos Princípios do FSC
O manejo florestal deve respeitar todas a leis aplicáveis ao país aonde opera, os tratados internacionais e acordos assinados por este país, e obedecer a todos os Princípios e Critérios do FSC.

Princípio 2:  Responsabilidades e direitos de posse e uso da terra
Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos à terra e aos recursos florestais devem ser claramente definidos, documentados e legalmente estabelecidos.

Princípio 3:  Direitos  dos Povos Indígenas
Os direitos legais e costumários dos povos indígenas de possuir, usar e manejar suas terras, territórios e recursos  devem ser reconhecidos e respeitados.

Princípio 4: Relações Comunitárias e  Direitos dos Trabalhadores
As atividades de manejo florestal  devem manter ou ampliar o bem estar econômico e social de longo prazo dos trabalhadores florestais e das comunidades locais.

Princípio 5: Benefícios da Floresta
As operações de manejo florestal devem incentivar o uso eficiente dos múltiplos produtos e serviços da floresta para assegurar a viabilidade econômica e uma grande gama de benefícios ambientais e sociais.

Princípio 6: Impacto Ambiental
O manejo florestal  deve conservar a diversidade ecológica e seus valores associados, os recursos hídricos, os solos, e os ecossistemas e paisagens  frágeis e singulares, e ao assim atuar, manter as funções ecológicas e a integridade da floresta.

Princípio 7: Plano de Manejo
Um plano de manejo - apropriado à escala e intensidade das operações propostas -  deve ser escrito, implementado e atualizado. Os objetivos de longo prazo do manejo florestal e os meios para atingi-los  devem ser claramente definidos.

Princípio 8: Monitoramento e Avaliação
O monitoramento  deve ser conduzido - apropriado à escala e à intensidade do manejo florestal - para que sejam avaliados a condição da floresta, o rendimento dos produtos florestais, a cadeia de custódia, as atividades de manejo e seus impactos ambientais e sociais.

Princípio 9 - Manutenção de florestas de alto valor de conservação
As atividades em manejo de florestas de alto valor de conservação devem manter ou ampliar os atributos que definem estas florestas.  Decisões relacionadas à florestas de alto valor de conservação devem sempre ser consideradas no contexto de uma abordagem precautória.

Princípio 10 : Plantações
As plantações  devem ser planejadas e manejadas de acordo com os Princípios e Critérios de 1 a 9 e o Princípio 10 e seus Critérios. Considerando que as plantações podem proporcionar um leque de benefícios sociais e econômicos, e contribuir para satisfazer as necessidades globais por produtos florestais, recomenda-se que elas complementem o manejo, reduzam  as pressões, e promovam  a restauração e conservação das florestas naturais.


 
A certificação de uma área florestal requer que a operação florestal nessa área seja feita seguindo os seguintes princípios:

Ecologicamente correto
Utilizar técnicas que simulemo ciclo natural da floresta e que causem os menores impactos possíveis, garantindo a renovação e perenidada da biodiversidade existente.
 
Socialmente justo
 Tanto a propriedade quanto a atividade extrativista devem ser legalizadas, ou seja, tem que respeitar todas as normas de manejo, normas trabalhistas, normas de segurança, recolhimento dos tributos e direitos trabalhistas.

Economicamente viável
As técnicas utilizadas devem garantir produtividade, durabilidade dos investimentos e agreguem valor ao produto final.


QUAL É A IMPORTÂNCIA DA CERTIFICAÇÃO PARA AS EMPRESAS?

A opção das empresas em adotar produtos fabricado com madeira certificada é uma oportunidade para se relacionar de forma diferenciada com os seus clientes, e um passaporte para a modernidade e para a economia globalizada.

A certificação distingue os que operam de forma correta daqueles que eventualmente estão na ilegalidade, que agem de forma predatória ao destruir a floresta e sua biodiversidade, o que os obriga a buscar sempre novas florestas, mudando constantemente de lugar, sem benefício para a comunidade local, utilizam trabalho infantil, mantendo empregados sem carteira assinada e sem equipamentos de segurança, não pagando impostos e assim por diante. 

Um produto com o selo FSC garante transparência e compromisso com normas e procedimentos éticos, abrindo mercados carentes de matérias-primas mundo afora.